O Jornalismo e o processo de uma produção de notícia.
Pedro Alves, tem 27 anos, é jornalista
há seis anos formado pela Faculdade Sete de Setembro. Trabalhou quatro anos no
Jornal O Povo, e trabalha há dois anos no Sistema Jangadeiro, no período
tarde/noite. Pedro é editor e produtor de notícias da rádio Tribuna BandNews
FM, de maneira resumida o jovem jornalista tem a função de coordenar a
equipe, pautar e produzir conteúdo para rádio.
Na entrevista foi abordado questões
sobre o fazer jornalístico, com base no que foi discutido e aprendido
nas teorias do jornalismo. As perguntas foram feitas levando em conta o dia a
dia de Pedro Alves na redação da rádio.
Sabemos que antes de uma
notícia ser veiculada, seja na tv, rádio, internet ou impresso há uma filtragem
do que vai virar notícia ou não. Como funciona essa escolha no seu dia a dia?
Acontece muitas
coisas, o que chega pra gente de informação do que aconteceu na cidade, de
propostas de pautas de assessorias, é um volume muito grande e obviamente tem
que filtrar, nós temos que selecionar a nata da nata,aquilo que realmente está
de acordo com a proposta editorial da rádio. Um critério muito importante é o
interesse público, o que que tem a ver com dia a dia das pessoas, o que
realmente vai importar e interferir na vida das pessoas.Não adianta nós
darmos uma notícia que está muito distante do imaginário das pessoas, e que não
tem a ver com a realidade direta vivida pelo nosso público Nós tentamos ter um
conteúdo de serviço para população, é daí que conseguimos filtrar. E nós temos
nosso público alvo, que é de intermediário/alto, são aquelas pessoas que liga
na rádio para consumir notícia.
Quanto a tão falada liberdade
jornalística, você acredita que ela realmente existe? Ou essa liberdade é
condicionada?
Os veículos que fazem jornalismo
são as empresas, se nós formos analisar friamente, qual o objetivo das
empresas? É lucro, é negócios, só isso ai mostra que o fundamento do que está
sendo noticiado nas empresas de jornalismo é a partir do interesse da empresa. Lógico que procuramos o que tem relevância para população. Mas toda
empresa tem o que chamamos de linha editorial, tem empresas que cobram mais
determinado assuntos e outros não.
Quando entramos na faculdade de
jornalismo o que mais aprendemos no início é a cerca da imparcialidade, um
jornalista consegue ser 100% imparcial? Como você ver essa questão?
Ah eu não acredito naquela
história de fazer um trabalho totalmente imparcial, porque a própria escolha de
uma pauta, já é uma decisão sua, você já está dizendo que outra não vai ser
feita. É um conceito meio utópico você achar que vai existir um jornalismo salvador
da pátria. Também não podemos dizer que a imparcialidade não existe, nós vamos
buscar ao máximo, todos os mecanismos formais que temos para atingir isso são
rigorosamente cumpridos, e precisamos disso para termos uma informação de
qualidade. Que ai eu volto a faculdade, que é ouvir os dois ou mais lados
de cada história, de dá o mesmo espaço pra cada. Colocar na matéria o interesse
de todos os envolvidos. Faz parte da nossa realidade. Não dá pra ser totalmente
imparcial, mas dá pra ter o equilíbrio, a palavra é essa equilíbrio. E o
público percebe isso. É realmente uma questa de maturidade.
Outro assunto muito discutido em
sala de aula é que o jornalismo tem um compromisso com a verdade, confirmar e
checar tudo. Já aconteceram fatos como do O Povo, que publicou uma matéria e no
outro dia foi descoberto que as fontes inventaram a história. Como você
se previne, como você lhe dá a cerca desse compromisso?
A primeira coisa e a mais
importante é que nós sempre procuramos as fontes oficiais. Qualquer informação
que sai, nós checamos com os órgãos responsáveis. Numa redação de jornalismo
correm muitos boatos, o que tem de pessoas espalhando boataria, principalmente
na internet é muito grande. É o que chamamos de plantar notícia, é informações
que parecem verdadeiras, e as pessoas/grupos lançam isso na internet com
objetivo que algum órgão oficial de imprensa divulguem como se fosse verdade.
Nós temos que se proteger o tempo todo, não divulgar boato. Nem tudo se resume
em verdades ou mentiras, mas contar a história como ela é realmente.
Quanto ao apelo, a espetacularização, a corrida por audiência a qualquer custo, isso na tua
opinião prejudica a qualidade da informação?
Acho que esse termo
espetacularização é um termo que se refere a uma coisa que busca nas nossas
notícias que é produzir uma notícia que tenha impacto, que gere emoção, ou que
seja relevante para o dia a dia do nosso público. Isso é o que fideliza um
público nos órgãos que produz a notícia. A notícia não pode ser algo “frio” ou
“morto”. Óbvio que existe um limite, tem vários órgãos de imprensa que
exageram, que contorcem a notícia, criando algo que não corresponde totalmente
a realidade. A espetacularização é um exagero do órgão. Tem a ver também com o
público que vai consumir a notícia. Programas policiais por exemplo, são
assistidos normalmente por um publico de classes mais baixas, a dor, a morte e
o sangue acabam sendo o espetáculo da notícia. É isso que atraem e prende o
público alvo e os fideliza, gerando audiência. Mas concordo que esses programas
acabam ferindo a ética e muitas vezes o bom senso.