domingo, 28 de junho de 2015

A ética e jornalismo ainda andam juntos?

O jornalismo tem seu próprio código de ética definido. Mas muitos questionam se o “Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros” está realmente sendo cumprindo conforme deve ser.

           A Ética Jornalística é um conjunto de normas e procedimentos éticos que regem a atividade do jornalismo. Ela se refere à conduta desejável esperada do profissional no seu dia a dia de trabalho. Uma boa produção jornalística deve ser objetiva, imparcial, precisa e verdadeira. Algo em que o público possa depositar confiança. Mas até que ponto podemos buscar e divulgar informações sem deixarmos a ética de lado? 
Imediatismo é importante e exclusividade é um atrativo a mais. Com isso muitos jornalistas ultrapassam as regras éticas para serem os primeiros a dar a notícia. Mas e se for um boato? E se não ouvirmos o outro lado da história? Um erro jornalístico pode prejudicar muito a vida de um indivíduo.
O jornalista de hoje trabalha com ética? O que podemos fazer para combater a falta dela? O que podemos esperar do sensacionalismo? Estamos aqui com a Professora Vânia Tajra do curso de jornalismo da Faculdade 7 de setembro para responder algumas perguntas e conversar sobre o assunto.
        
Existe ética no jornalismo brasileiro? E como se aplica?
A transformação do jornalismo social para o jornalismo comercial acaba inibindo o processo ético em alguns jornalistas. Apesar disso, acredito que o caráter do profissional está aliado ao caráter do indivíduo e valores que são adquiridos, devem ser conservados. Se pensarmos assim, pessoas centradas em valores adquiridos ao longo do tempo acabam por construir matérias informativas e alicerçadas nos pilares da profissão, como verdade e a busca pela imparcialidade. A ética no jornalismo brasileiro depende então, do caráter pessoal de cada profissional. A aplicabilidade do processo ético se dá na forma de construção da notícia e na forma social de repassá-la.

Como é formar um jornalista nos dias de hoje com base na ética jornalística?
Como parte de um processo acadêmico, procuramos levar aos futuros profissionais da área, situações que mostram a realidade de um mercado. O capitalismo selvagem é uma realidade dentro dessa profissão e acaba induzindo e manipulando o aspecto social do jornalismo mostrando que a venda da notícia é um mercado promissor. O que procuramos dentro da formação acadêmica é mostrar lados positivos e negativos desse mercado, levando o futuro profissional a entender esses aspectos e refletir sobre eles. Prática e teoria entram em conflito diante dessa realidade e formar um profissional ético passou a ser um desafio.

Qual é o primeiro passo para ser ético no jornalismo? Como manter a imparcialidade em meio a propostas de empresas ou instituições com o intuito de manipular a situação a favor da mesma?
O primeiro  passo para ser ético no jornalismo é ouvir sempre dois lados numa mesma história. A busca pela imparcialidade é uma constante nessa profissão e precisa ser exercitada sempre. A melhor forma de manter a imparcialidade dentro de uma empresa que manipula a informação é utilizar o conhecimento como forma de argumentação. Uma pergunta bem fundamentada leva a respostas surpreendentes. Em casos específicos, vale invocar a Cláusula da Consciência, que protege o jornalista de situações duvidosas.

A ética e o sensacionalismo podem andar juntos?
Difícil conciliar os dois processos a partir do momento em que sensacionalismo passou a ser sinônimo de “impacto” e não mais de “sensacional”. Mas o aspecto cultural do receptor que temos hoje nos meios tradicionais e abertos, como a TV, é que de certa forma, dita as regras da informação no Brasil. A briga pela audiência, pelos números indicadores, rege a formatação da notícia e os acontecimentos chocantes ou impressionantes são mais observados e mais visualizados pelos receptores. Dessa forma, alguns autores, com Mário Erbolato, já colocam como características da notícia o “impacto”, a “aventura” e o “conflito”. São processos éticos e dependendo da intensidade na forma de veiculação podem ser caracterizados como sensacionalistas ou não.

Você acredita no jornalismo que é feito no nosso país?
Acreditar ou não depende das escolhas e do grau de percepção de cada indivíduo.  O olhar do jornalista na construção de uma nova informação deve ser um olhar que leve à formação de opinião pelo receptor. Por outro lado o receptor deve saber discernir o que recebe daquilo que percebe. Para avaliar se o jornalismo que temos hoje no Brasil é passível de credibilidade ou não, é preciso ter conhecimento ou várias visões sobre uma mesma informação.

E o que os futuros jornalistas podem fazer para mudar isso?
A melhor forma para mudar essa realidade seria a retomada da discussão pela regulamentação dos meios de comunicação tradicionais. A democratização dos meios levaria a uma maior variedade de pensamentos e automaticamente de programações diferenciadas. Dessa forma a informação seguiria os padrões técnicos e éticos inerentes do processo jornalístico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário