domingo, 28 de junho de 2015

Jornalismo: a Imparcialidade, Veracidade e o Sensacionalismo

O Jornalismo e o processo de uma  produção de notícia.

Pedro Alves, tem 27 anos, é jornalista há seis anos formado pela Faculdade Sete de Setembro. Trabalhou quatro anos no Jornal O Povo, e trabalha há dois anos no Sistema Jangadeiro, no período tarde/noite. Pedro é editor e produtor de notícias da rádio Tribuna BandNews FM, de maneira resumida o jovem jornalista tem a função de coordenar a equipe, pautar e produzir conteúdo para rádio.
Na entrevista foi abordado questões sobre o fazer jornalístico, com base no que foi discutido e aprendido nas teorias do jornalismo. As perguntas foram feitas levando em conta o dia a dia de Pedro Alves na redação da rádio.

Sabemos que antes de uma notícia ser veiculada, seja na tv, rádio, internet ou impresso há uma filtragem do que vai virar notícia ou não. Como funciona essa escolha no seu dia a dia?
Acontece muitas coisas, o que chega pra gente de informação do que aconteceu na cidade, de propostas de pautas de assessorias, é um volume muito grande e obviamente tem que filtrar, nós temos que selecionar a nata da nata,aquilo que realmente está de acordo com a proposta editorial da rádio. Um critério muito importante é o interesse público, o que que tem a ver com dia a dia das pessoas, o que realmente vai importar e interferir na vida das pessoas.Não adianta  nós darmos uma notícia que está muito distante do imaginário das pessoas, e que não tem a ver com a realidade direta vivida pelo nosso público Nós tentamos ter um conteúdo de serviço para população, é daí que conseguimos filtrar. E nós temos nosso público alvo, que é de intermediário/alto, são aquelas pessoas que liga na rádio para consumir notícia.

Quanto a tão falada liberdade jornalística, você acredita que ela realmente existe? Ou essa liberdade é condicionada?
Os veículos que fazem jornalismo são as empresas, se nós formos analisar friamente, qual o objetivo das empresas? É lucro, é negócios, só isso ai mostra que o fundamento do que está sendo noticiado nas empresas de jornalismo é a partir do interesse da empresa. Lógico que procuramos o que tem relevância para população. Mas toda empresa tem o que chamamos de linha editorial, tem empresas que cobram mais determinado assuntos e outros não.

Quando entramos na faculdade de jornalismo o que mais aprendemos no início é a cerca da imparcialidade, um jornalista consegue ser 100% imparcial? Como você ver essa questão?
Ah eu não acredito naquela história de fazer um trabalho totalmente imparcial, porque a própria escolha de uma pauta, já é uma decisão sua, você já está dizendo que outra não vai ser feita. É um conceito meio utópico você achar que vai existir um jornalismo salvador da pátria. Também não podemos dizer que a imparcialidade não existe, nós vamos buscar ao máximo, todos os mecanismos formais que temos para atingir isso são rigorosamente cumpridos, e precisamos disso para termos uma informação de qualidade. Que ai eu volto a faculdade, que  é ouvir os dois ou mais lados de cada história, de dá o mesmo espaço pra cada. Colocar na matéria o interesse de todos os envolvidos. Faz parte da nossa realidade. Não dá pra ser totalmente imparcial, mas dá pra ter o equilíbrio, a palavra é essa equilíbrio. E o público percebe isso. É realmente uma questa de maturidade.

Outro assunto muito discutido em sala de aula é que o jornalismo tem um compromisso com a verdade, confirmar e checar tudo. Já aconteceram fatos como do O Povo, que publicou uma matéria e no outro dia foi descoberto que as fontes inventaram a história. Como  você se previne, como você  lhe dá a cerca desse compromisso?
A primeira coisa e a mais importante é que nós sempre procuramos as fontes oficiais. Qualquer informação que sai, nós checamos com os órgãos responsáveis. Numa redação de jornalismo correm muitos boatos, o que tem de pessoas espalhando boataria, principalmente na internet é muito grande. É o que chamamos de plantar notícia, é informações que parecem verdadeiras, e as pessoas/grupos lançam isso na internet com objetivo que algum órgão oficial de imprensa divulguem como se fosse verdade. Nós temos que se proteger o tempo todo, não divulgar boato. Nem tudo se resume em verdades ou mentiras, mas contar a história como ela é realmente.

Quanto ao apelo, a espetacularização, a corrida por audiência a qualquer custo, isso na tua opinião prejudica a qualidade da informação?
Acho que esse termo espetacularização é um termo que se refere a uma coisa que busca nas nossas notícias que é produzir uma notícia que tenha impacto, que gere emoção, ou que seja relevante para o dia a dia do nosso público. Isso é o que fideliza um público nos órgãos que produz a notícia. A notícia não pode ser algo “frio” ou “morto”. Óbvio que existe um limite, tem vários órgãos de imprensa que exageram, que contorcem a notícia, criando algo que não corresponde totalmente a realidade. A espetacularização é um exagero do órgão. Tem a ver também com o público que vai consumir a notícia. Programas policiais por exemplo, são assistidos normalmente por um publico de classes mais baixas, a dor, a morte e o sangue acabam sendo o espetáculo da notícia. É isso que atraem e prende o público alvo e os fideliza, gerando audiência. Mas concordo que esses programas acabam ferindo a ética e muitas vezes o bom senso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário